sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

POEMA DE UMA MÃO SÓ

Poema de uma mão só

Às vezes eu sou quase eu...
Mas logo percebo que eu não estou ai,
 Nem  aqui ...
E saio em meus pensamentos a me procurar
Em algum lugar do meu passado.
É triste ver que não estou lá .
E me procuro em meu quarto infantil,
E só encontro uma velha cama de lona,
Ainda manchada de mijo com cheiro de leite.
Ando pelas estradas de barro em busca de minhas pegadas,
E vejo que elas seguem para o rio que corre para o mar,
E que  as marcas das minhas sandálias crescem  e ficam pesadas...
As marcas naquela terra vermelha.
Procuro-me nos bananais e só vejo o sangue,
E  não  são de minha infância.
Entro nas casas dos arruados,
 E vejo apenas paredes enfumaçadas pelos candeeiros ,
Que  já foram decompostos pela terra.
Como um avatar...
 Elevo-me entre as nuvens em busca de mim,
E  só encontro o que  está  na minha memória.
Nada mais  existe...
E o que  existe ,
Só existe em mim.


Mário Chacal.   26/01/2012. 11:h 15min.

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